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O lenço, a gravata e o iPhone 16 Pro Max do TJMA

Eu tinha uma mania ou doença (escolha), sendo esta a de não poder tomar conhecimento do lançamento de um iPhone, que já corria para comprar um aparelho novo.

Com o tempo, reconhecendo que eu praticamente só usava o celular para fazer e receber ligações, para enviar mensagens e tirar fotos, acabei deixando de ser um tolo e foquei mesmo em adquirir um produto com grande capacidade de armazenamento. As vezes eu até brinco com os meus amigos, registrando de forma frustrada que não consigo acabar com os gigabytes que tenho.

Estou relatando aqui o que ocorre com a grande maioria dos usuários de celulares, que não conseguem utilizar, no cotidiano, todas as funções do referido equipamento.

Penso que só consegue explorar ao máximo esse tipo de dispositivo eletrônico, quem lida diretamente com tecnologia. Dou um exemplo:

Se me dissessem que os funcionários da TI (tecnologia da informação) de um órgão público, estes os servidores que lidam o tempo todo com tecnologia de ponta relacionada à computação, informática, sistemas e tendências tecnológicas, tudo com o objetivo de garantir um funcionamento eficaz, eficiente e assertivo para as organizações tanto em sistemas e processos, quanto em softwares e hardwares, precisam dos equipamentos mais modernos possíveis, eu daria plena razão. Nada mais lógico, mormente porque no mundo atual não podemos ficar desprovidos de funções como desenvolvimento de softwares, aplicativos, programas e sistemas; configuração e gerenciamento de redes de computadores; suporte técnico para usuários; segurança da informação e proteção contra ameaças cibernéticas; análise de dados; criação, manutenção e gestão de processos tecnológicos; automatizações e suporte para digitalização de produtos, serviços, documentos, dentre outros.

Assim, imaginem uma licitação para a distribuição de iPhone 16 Pro Max para servidores da TI de órgãos do Poder Judiciário. Opa! Não ouço vozes contra! Ao que parece, ninguém deu um pio! Também nunca escutei proposta nesse sentido.

Mas vamos a algumas funções do iPhone 16 Pro Max, a mencionar: sensor Lidar; gravação em vídeo ProRes; identificar objetos e cenas; identificar plantas e animais; descobrir onde comprar algo que viu; gravação em 4k Dolby Vison a 120 fps, etc.

Agora eu mesmo indago, mas não tirem as crianças da sala (elas sabem a resposta). Quem precisa de tudo isso? Qual a necessidade de utilização de toda essa funcionalidade? Vou ficar esperando, ansiosamente, a resposta relativa a usabilidade diária, mas já sabendo que ninguém precisa adquirir ou ganhar uma Ferrari para comprar pão na esquina.

A grande verdade é que ignoramos o limite adequado! É que, as vezes, o nosso modus operandi comportamental desconsidera e despreza o excesso e o ridículo, nos levando a agir, inclusive, com total ausência de sensibilidade em relação a um momento de exposição negativa.

O exercício do poder não pode exorbitar, sob pena de usurpação da consideração pública, despindo a moral e causando grande alvoroço social, trazendo revoltas com pitadas de comédia (chacota) sobre a utilização de dinheiro público.

Aliás, já propalava Rui Barbosa: “Entre a consciência escrupulosa de um executor inteligente do orçamento e a desasada avareza de um amealhador de fanicos vai a infinita distância, que se estende entre um ridículo odioso e uma virtude fecunda.”

Ouço outra voz me fazendo a seguinte pergunta, via ligação do iPhone 16 Pro Max proveniente de Brasília: e a compra de gravatas e lenços pelo Supremo Tribunal Federal (STF)? Melhor dar o silêncio como resposta!

Gente, que país é esse?

Alex Ferreira Borralho

Alex Ferreira Borralho é advogado e exerce suas atividades advocatícias, principalmente, nas áreas cível e criminal. Idealizou o Instagram Direito em Ordem em 03.01.2022, criando um canal de informações que busca transmitir noticias relevantes de forma sucinta, de entendimento imediato e de grande importância para a sociedade, o que foi ampliado com publicações de artigos semanais no Jornal Pequeno, todos os sábados e nos mais variados meios de comunicação. Esse canal agora é amplificado com a criação do site Direito e Ordem, que deverá pautar, especialmente, os acontecimentos do Poder Judiciário do estado do Maranhão, levando, ainda, ao conhecimento de todos informações sobre episódios diários no âmbito dos tribunais, dos escritórios de advocacia e do meio político e social.
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