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Criança já manda nos pais? No estágio atual a resposta é sim e até a segurança de um voo pode ser afetada.

Inicio esse artigo preocupado com a possibilidade de queda de algum avião, em virtude da não disponibilização de um assento para uma criança, que queira sentar no lugar do piloto.

Aqueles que acham que estou exagerando, além de ignorarem o fato de que no mundo de hoje tudo pode ocorrer, certamente não tomaram conhecimento da bizarra cena protagonizada por uma mãe que constrangeu uma passageira (Jennifer) durante um voo, porque esta não cedeu seu assento para o seu filho, acusando-a de não ter empatia com crianças. O acontecimento grotesco viralizou pela filmagem feita e divulgada por uma passageira que presenciou tudo.

De logo preponderante esclarecer que é óbvio que a criança não tem qualquer culpa do ocorrido, eis que os filhos, na grande maioria dos casos, são o reflexo de um espelho de princípios e valores que vem dos pais e daqueles que são responsáveis pela sua criação, muito embora não possamos esquece que cada um de nós tem a sua própria personalidade.

No episódio em voga, está bem nítida a deficiência ou a ausência de ensinamentos sobre respeito na criação da genitora da criança, o que gerou a intolerância, fazendo com que esta cedesse a uma vontade de seu filho. E aqui reside uma preocupação significante: é que os pais estão perdendo a capacidade de educar os seus filhos, eis que não sabem impor limites, não conseguindo fazer prevalecer os valores e princípios, além de não aprofundarem laços afetivos.

Certa vez eu registrei em um artigo que “criança não nasce pronta”, sendo essencial reconhecer que na atualidade a construção das relações parentais esta quase perdida, sendo substituída por escolas, consultórios de psicólogos e de psiquiatras, ou seja, uma terceirização de responsabilidades sem limites.

No mundo de hoje, pai e mãe só sabem gerar, se aproximando de animais que “fabricam” a cria e não ensinam a racionalidade. É a geração que educa dando o celular para não ter perturbações e que não interage com a prole.

O resultado de tudo isso, por lógico que você percebe no cotidiano, já que tem contatos com crianças e adolescentes sem educação, irresponsáveis e que nunca aprenderam a relevância e a importância da hierarquia. Destaco, ainda, a incidência das ansiedades e de depressões que levam a suicídio infantil e juvenil, situação quase epidêmica e que traz muita dor e sofrimento.

E que não venham com a desculpa de que a culpa é do mundo que se encontra mais complexo. Nada disso! Há escassez de valores mínimos e do que é básico para a convivência pacífica no meio social e uma abundância de aprendizado inútil e grotesco com a utilização indiscriminada das redes sociais, acessíveis para pessoas moralmente e eticamente despreparadas. Perderam completamente a noção do que é certo e errado!

O episódio relacionado a esse artigo demonstra uma atuação sem limites, caracterizada pela personalidade de uma mãe que não se formou adequadamente e que deixou de amadurecer, talvez sendo até produto de uma relação abusiva e com distanciamento do necessário sentimento que deve permear a proximidade entre pais e filhos, levando-a a não tolher desejos de seu filho e ignorando que crianças necessitam de NÃO, que vontades não geram obrigações e que frustrações fazem parte da vida. Conclusão: alguém esqueceu de educar a mãe da criança!

Tudo mudaria e deve ser diferente, se a circunstância vivenciada dentro da aeronave fosse relacionada a uma criança, um adolescente ou mesmo um adulto que tenha algum tipo de problema que afeta o comportamento, o cognitivo, o emocional e até mesmo o humor, entrando em voga a necessária compreensão do respeito, da inclusão e da tolerância.

Mas ouço vozes me perguntando, após saudosa mensagem: No tempo dos nossos avós, situações iguais a essa se resolviam em casa com cipó de goiabeira e o resultado era altamente eficiente. E hoje?  Hoje,  além de comprar um assento ao lado da janela (o avião não possui só uma),  é melhor esquecer o cipó e procurar entender que conversar ainda é a forma correta de estreitar laços, resolver conflitos, aproximar e construir uma relação de respeito e intimidade.

Essencial, também, não esquecer que em um avião o passageiro só é obrigado a trocar de assento se for solicitado pela tripulação, isso por motivos de segurança relacionados a restrições que precisam ser respeitadas e concernentes a saídas de emergência e por questões de peso e balanceamento da aeronave.

Por fim, rendo singelas homenagens a mulher moralmente agredida, por ter demonstrado autocontrole, sabendo manter a compostura e, principalmente, preservando o lugar que escolheu com a compra da sua passagem aérea, evitando uma confusão em um ambiente onde, acima de tudo, a segurança deve prevalecer. Fez triunfar o seu direito! Jennifer, tenho empatia por você!

O advogado Alex Ferreira Borralho escreve, todo sábado, sobre temas atuais no Jornal Pequeno, sendo este o artigo publicado no dia 07.12.2024.

Alex Ferreira Borralho

Alex Ferreira Borralho é advogado e exerce suas atividades advocatícias, principalmente, nas áreas cível e criminal. Idealizou o Instagram Direito em Ordem em 03.01.2022, criando um canal de informações que busca transmitir noticias relevantes de forma sucinta, de entendimento imediato e de grande importância para a sociedade, o que foi ampliado com publicações de artigos semanais no Jornal Pequeno, todos os sábados e nos mais variados meios de comunicação. Esse canal agora é amplificado com a criação do site Direito e Ordem, que deverá pautar, especialmente, os acontecimentos do Poder Judiciário do estado do Maranhão, levando, ainda, ao conhecimento de todos informações sobre episódios diários no âmbito dos tribunais, dos escritórios de advocacia e do meio político e social.
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