Desembargadora Oriana Gomes é exemplo de dedicação, de uma vida digna e de reputação ilibada na magistratura. Deixará saudades e boas lembranças!

Ao ensejo de sua aposentadoria compulsória, a desembargadora Oriana Gomes deve ser celebrada por deixar uma trajetória de vida pessoal alicerçada por anos de devotada dedicação a magistratura e a Justiça, nunca deixando de ter consciência de sua alta responsabilidade social, se notabilizando em servir a causa pública com lealdade, gerando o exemplo necessário às novas e futuras gerações de como deve ser uma juíza virtuosa e modelar, sendo parâmetro de permanente inspiração para aqueles que recebem o chamado envolvente de cumprir com as significantes funções inerentes ao desempenho da função jurisdicional “sine ira ac studio”, vale dizer, “sem ódio e sem preconceito”, mesmo naquelas causas de elevado clamor social.
Como traço marcante de sua forma de agir no âmbito pessoal e profissional, temos a autenticidade de suas manifestações que exalam o temperamento forte e sincero dos seus pensamentos (uma mulher com personalidade intensa e de frases de efeito), estes calejados por quem exerce a magistratura de forma independente, íntegra e isenta, ou seja, como um sacerdócio que impõem limitações, restrições e frustrações na missão de julgar, sobressaindo sempre a sua preocupação com a justiça das decisões que profere e tendo como norte à regra materializada no artigo 5º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, antiga Lei de Introdução ao Código Civil, segundo a qual, na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Enfrentou de cabeça erguida a forte discriminação contra a mulher na órbita do Judiciário e os rótulos de quem usa sua força para não ser menosprezada, confrontando padrões e arcando com as consequências de romper com as expectativas patriarcais sobre as mulheres, não aceitando divergência posicional que leva à diferenciação de papéis assumidos, fortalecendo o contexto de que não poderá ser propalado que Judiciário é um substantivo masculino.
O julgamento do próximo é talvez umas das funções mais nobres que um ser humano pode concretizar e a magistrada Oriana Gomes lidou com o destino de inúmeras pessoas de forma responsável, exercendo a judicatura de forma honesta, lúcida, competente, idealista, imparcial, técnica, com retidão, sensibilidade, dignidade e coragem, tendo se destacado, ainda, por não se encantar com as vestes da vaidade – as primeiras de que são despidos os tolos.
Já há algum tempo estamos sendo sempre sobrecarregados com notícias invariáveis de corrupção, de imoralidades, de ausência de valores primordiais para se manter no âmbito da legalidade e da probidade. Para esses dias sombrios, enxergamos na juíza Oriana Gomes os sentimentos de otimismo, de coragem e de esperança, que engradecem o Poder Judiciário brasileiro. Em Oriana o jurisdicionado sempre confiou e a sociedade, em várias ocasiões, festejou a sua atuação justa, principalmente no enfrentamento das mais complexas e delicadas questões jurídicas.
No trato com os colegas de profissão, com advogados, com integrantes do Ministério Público, membros da Defensoria Pública, servidores e demais formadores da classe jurídica, sempre guardou o mais profundo respeito e consideração.
Do titular deste site saiba que Vossa Excelência sempre recebeu os olhares de orgulho e de admiração, passando agora para os de ternura e saudade de uma autoridade que sempre irá carregar consigo o sentimento de dignificação da toga, o que permanecerá no seu caminhar, já que desvesti-la não significa perder atributos. Em sua essência será sempre eterna e seu exemplo é um legado que fica no Poder Judiciário que servirá de referência e inspiração para inúmeras gerações vindouras.
Que Deus permaneça lhe abençoando! Continue sendo feliz!
Alex Ferreira Borralho